segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Café com Veneno n° 002

17 Outubro 2006

Luz na escuridão
Começam a vir à tona os fatos até agora obscuros que envolveram a prisão dos compradores de dossiê e a divulgação da foto do dinheiro. O jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, da revista Carta Capital, lança um imenso facho de luz sobre essa história, até agora mal contada. Na mira dos holofotes está o delegado Edmílson Bruno, que certamente ainda tem muita história para contar. Vale a pena conferir.

Ouça o diálogo
O site Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, reproduz o diálogo mantido entre o delegado Edmílson Bruno e jornalistas, no momento em que ele, violando segredo de justiça, faz a estes a entrega do CD contendo as fotos. Observe como ele “dirige” a edição da foto e da própria notícia, insistindo em que ela deveria ser divulgada no mesmo dia, e no Jornal Nacional. Ouça aqui.

E a cordilheira?
A campanha de Alckmin insiste em mostrar a foto da "montanha" de dinheiro que seria usada para comprar o dossiê. A de Lula poderia replicar essa mesma foto em centenas de vezes, formando uma cordilheira, e perguntar: "onde foi parar o dinheiro das privatizações?" E insistir, ao som de conhecido fundo musical: "onde está o dinheiro?" "Onde está o dinheiro?"

Alavancando
Cada vez que Alckmin surge no noticiário ou no seu próprio horário político dizendo que não vai acabar com o Bolsa-Família e que, ao contrário, pretende ampliar o programa, ele dá seu testemunho do sucesso da iniciativa do governo Lula. Com isso, dá folga para que o petista trate de outras conquistas de seu primeiro mandato, como o biodiesel e o H-bio. Não por acaso, subiu para 20% dos votos válidos sua vantagem sobre o tucano, segundo pesquisa de intenção de votos do Datafolha encomendada pela Folha e divulgada hoje pelo Jornal Nacional. Confira.

Aborto
O jornal Folha de S. Paulo questionou os presidenciáveis sobre aborto e união civil entre pessoas do mesmo sexo. À primeira questão, Lula respondeu com firmeza: “Sou contra o aborto, minha mulher, Marisa, é contra o aborto, e tenho certeza de que a maioria das mulheres do mundo é contra o aborto”. Já Alckmin respondeu que é apenas contra a “legalização do aborto”.

União civil
Enquanto Lula se posicionou “radicalmente contra qualquer forma de discriminação, seja religiosa, racial ou sexual”, lembrando que seu governo trabalhou intensamente em políticas afirmativas de respeito à diversidade sexual, Alckmin de novo foi formal. Declarou-se favorável ao “contrato de união civil de homossexuais”, argumentando que “quando as pessoas vivem juntas, esse contrato é importante para garantir direitos do companheiro ou da companheira”. Clique aqui para conferir.

Esqueçam o que falei
Fernando Henrique Cardoso voltou à cena. Deu entrevista à rádio CBN pela manhã e, à tarde, negou que tivesse dito que não é contrário à privatização da Petrobras. "Foi apenas um cacoete de linguagem", explicou-se. É, pelo jeito, privatização já não é apenas uma linha política dos tucanos. Já é cacoete, mesmo.

Café com Veneno I

16 Outubro 2006

Pausa para o cafezinho
Nas repartições públicas, nos escritórios, nos bancos, nas empresas em geral, é na sala do café que se desvendam os segredos e que se resolvem os grandes problemas da humanidade. Foi para alcançar essa singela pretensão que criei este espaço.

Petista demais
Um dos meus mais freqüentes e cultos interlocutores reclamou, dia desses, de que este blogue está “petista demais”. Não vos enganeis, pois. Este blogue é petista mesmo! É para “contrabalançar” o antipetismo explícito da Globo, Folha, Veja... (Quanta pretensão!)

Moral da história
Miúdo que derruba gigante, só na Bíblia e no espaço aéreo brasileiro...

Apimentado demais
Depois do debate na Band, Lula sentiu leves incômodos gástricos. Suspeita-se que o chuchu do jantar daquela noite estivesse muito carregado de pimenta. Não vos preocupeis, porém. Sua Excelência já está melhor. Pronto para outro, como se costuma dizer na minha Capivari.

Por falar em Capiva
Não entendo como Alckmin pôde ter vencido nas cidades que integram a “RMC Principal” (não confundir com a "secundária", a de Campinas), ou seja, a “Região Megalopolitana de Capivari”. Há cerca de vinte anos que nós moradores da região lutamos pela duplicação das rodovias SP-101 e do Açúcar. Nesse período, durante longos doze anos a solução esteve ao alcance de Alckmin, que foi governador por seis e vice-governador por outros seis anos, e nada fez, absolutamente nada.

Sem falar que...
Isso sem contar a cadeia pública, que fica no centro de Capivari e já pôs em risco a segurança da população tantas vezes. O prédio, que pertence ao governo do Estado, está em ruínas. Sem contar também serviços públicos que foram desativados, como o posto fiscal da Receita Estadual, que agora está centralizado em Piracicaba, ou privatizados, como Telesp e CPFL, que já não mantêm escritório de representação na cidade. Sem dizer da municipalização do ensino, que prejudicou alunos e professores. Sem incluir a deterioração do programa Escola da Família. Sem esquecer que o governador Geraldo Alckmin fez promessa de ajudar os desabrigados pelo tornado de 2005, jamais cumprida.

Peroba nele!
Na maior cara de pau, Alckmin vem fazendo críticas às “estradas federais esburacadas”. Ele não conhece nem as que estiveram sob seu próprio governo, no interior do estado de São Paulo. Basta rodar pela Rodovia do Açúcar, trecho Salto/Piracicaba, ou pela SP-101, entre Capivari e Tietê, ou nas vicinais Capivari a Porto Feliz, Monte Mor a Indaiatuba, Capivari a Mombuca, tristes palcos em que faleceram centenas de amigos, parentes e conhecidos... Isso só para ficar na “minha aldeia”, como diria o poeta português Fernando Pessoa.

Surpresos
O deputado federal José Mentor (PT) me confidenciou, sábado último, em Americana, que a reeleição que mais surpreendeu a cúpula petista foi a dele próprio. “Ninguém acreditava”, desabafou-me ele, de alma lavada. Mentor teve mais de 105 mil votos.

Oculta e bela
Grande ausente das recentes disputas, Marta Suplicy foi a maior vitoriosa destas eleições. Candidatos que integram o grupo por ela liderado obtiveram expressivas votações, como os próprios irmãos Antônio e José Mentor, Ênio e Jilmar Tatto, Cândido Vacarezza e outros, culminando com Rui Falcão. Secretário de Marta na prefeitura de São Paulo, Falcão foi seu candidato a vice-prefeito em 2004. Neste ano, foi o deputado estadual eleito com o maior número de votos da coligação PT/PCdoB.

Não por acaso
Em reconhecimento à bela vitória de Marta, o presidente Lula escolheu-a para coordenar a campanha para sua reeleição no Estado de São Paulo. A ex-prefeita vem trabalhando com todo gás, sem descanso.